sábado, 13 de fevereiro de 2010

Pedagoga passa em concurso em Campo Grande (MS), mas não consegue assumir a vaga por ser cega

Às vezes, pensa-se que o tema inclusão está totalmente difundido, divulgado e estabelecido pelas comunidades, inclusive o poder público; mas falta, ainda, muito chão...

Ouçam a notícia que saiu no R7 - programa local de notícias da Globo:





Resumo:

Pedagoga passa em concurso em Campo Grande (MS) mas não consegue assumir a vaga por ser cega

Comissão dos Direitos Humanos da OAB vai pedir explicações à prefeitura

A pedagoga Telma Nantes de Matos passou em um concurso público de Campo Grande (MS), mas foi impedida de assumir o cargo.

Telma é cega e foi aprovada nos testes para o cargo de professora. Só foi barrada na etapa da avaliação médica, apesar de o concurso prever vagas para deficientes físicos.

- O poder público fala em inclusão e reserva de vagas [a deficientes]. Mas quando a chega lá, uma equipe multiprofissional nos reprova?

De acordo com a equipe da prefeitura, Telma não poderia corrigir cadernos ou atuar na recreação dos alunos.

Maria Madalena Jeronimo, especialista em deficiência física, diz que o município de Campo Grande deveria se adequar às limitações da professora. A Comissão dos Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) vai pedir explicações à prefeitura.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Leitura óptica: Poli cria identificador de cores de objetos e notas de dinheiro para deficientes visuais

Um identificador de cores para deficientes visuais, desenvolvido por pesquisadores da Escola Politécnica (Poli) da USP, é finalista da competição internacional Unreasonable Finalists Marketplace. Batizado de Auire, o aparelho é portátil e serve para identificar cores de objetos e notas de dinheiro. Por meio de leitura óptica, o Auire literalmente "fala" o nome da cor do objeto analisado. O projeto foi desenvolvido pelos engenheiros de computação, formados pela Poli, Fernando de Oliveira Gil e Nathalia Sautchuk Patrício, dentro do Programa Poli Cidadã.

A competição é organizada pelo Unreasonable Institute e premiará projetos sociais de grande impacto. O objetivo é buscar empreendedores sociais que desenvolvam planos de iniciativas autossustentáveis. Por isso, os projetos têm o formato de empresas e não de entidades sem fins lucrativos.

Na primeira fase, a competição selecionou 42 finalistas. Agora, na fase final, o instituto escolherá os 25 primeiros projetos que conseguirem arrecadar US$ 6.500 em doações. O dinheiro será usado para custear os desenvolvedores dos projetos durante um período de 10 semanas de treinamento na sede da instituição, no Colorado, Estados Unidos, com profissionais e especialistas na área de negócios. As doações começaram nesta segunda-feira (25) e poderão ser feitas até 15 de março.

"Para a competição, montamos um plano de negócios para abrir uma empresa e produzir o identificador com baixo custo", conta Gil. Os pesquisadores pretendem alcançar um custo por aparelho por volta de R$100,00 a R$200,00. Gil ressalta que existem aparelhos semelhantes no mercado, mas são vendidos aqui no Brasil por cerca de R$1.200,00.

Funcionamento.

O aparelho consiste em uma caixa que faz uma leitura óptica do objeto e identifica as três cores básicas: azul, verde e vermelho, por meio de três sensores, um para cada cor. Baseado nessas componentes, ele identifica a cor que mais se aproxima do objeto analisado, e "fala" o nome da cor.

Identificador de chamadas reconhece notas de dinheiro e objetos por leitura óptica.

"No caso do dinheiro, as notas do Brasil utilizam cores diferentes. Então, o aparelho utiliza a cor para identificar as notas. Por exemplo, se o aparelho lê uma cor vermelha, trata-se de uma nota de 10 reais; o rosa, 5 reais e assim por diante", explica o engenheiro, "não conseguimos ainda diferenciar com segurança as notas de 2 e 100 reais, ainda é necessário alguns ajustes", completa.

O protótipo precisa ser conectado a um computador, que processa os dados através de um software. "Nossa ideia é introduzir o software dentro do aparelho e torná-lo autônomo, ou seja, que processe os dados sem utilizar um computador", explica Gil.

O público-alvo são os deficientes visuais, tanto os completamente cegos quanto os daltônicos, principalmente aqueles de baixa renda. "Para baixar os custos do aparelho, vamos utilizar uma eletrônica mais simplificada, com componentes disponíveis no mercado, além de uma arquitetura aberta de software livre. Queremos que o Auire possa ser reproduzido por quem possui os componentes e alguns conhecimentos de eletrônica", explica.

A primeira fase da competição foi o desenvolvimento do plano de negócios, em que os competidores precisavam apresentar uma ideia que: atingisse um milhão de pessoas; que dentro de um ano pudesse ser autossustentável; e que depois de 3 anos, pudesse ser estendida para outros países.

"Após entrar no Instituto, teremos 10 semanas de treinamentos numa incubadora com profissionais e especialistas de marketing e negócios para desenvolvermos a ideia e tornar o projeto real, atingindo assim nossos objetivos do plano de negócios", explica Gil. Após o período de treinamento, os projetos serão expostos a investidores sociais num evento organizado pelo instituto.

Doações

As doações poderão ser feitas pelos próximos 50 dias e são limitadas por pessoa, não sendo permitido doar grandes quantias. As equipes que primeiro atingirem o valor de US$ 6.500,00 serão as escolhidas para o treinamento. As doações só serão efetivadas se o projeto for selecionado. Assim, o doador só vai pagar se o projeto for aprovado.

Para doar, o interessado deve preencher um cadastro no site oficial do Unreasonable Institute e fazer a doação. A segunda opção é via dinheiro no Pagseguro através do site do Identificador, onde também se encontram mais informações sobre o aparelho e a competição.

Mais informações: (11) 9 8 2 7 - 7 9 2 8, emails fernando.gil@gmail.com , info@auire.com.br ,
Sites: http://www.identificadordecores.com.br/  e http://www.unreasonablefinalists.org/

Fonte: Agencia USP de Notícias

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Projeto de Inclusão Digital É Vetado pelo Prefeito Gilberto Kassab

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010


Prefeito veta PL (PROJETO DE LEI) para inclusão digital de pessoas com deficiência visual



Projeto de Lei aprovado na Câmara Municipal, deautoria da vereadora Mara
Gabrilli e do vereador Ricardo Teixeira
,

que permitiria às pessoas
cegas e com deficiência visual frequentarem em igualdade de acesso lan
houses, cyber cafés e afins, foi vetado pelo Prefeito em 4 de dezembro
.
Entre as justificativas expostas pelo Prefeito Gilberto Kassab para o veto
está a alegação de que: “a medida alcançaria uniforme e indiscriminadamente
todo o segmento econômico, importando, certamente, significativo impacto
econômico-financeiro sobre os estabelecimentos menores, a configurar ônus
excessivo aos administrados, sem efetivo benefício à coletividade.”



Em 4 de dezembro o prefeito Gilberto Kassab vetou o PL 395/07, de autoria da
vereadora Mara Gabrilli (PSDB) e do vereador Ricardo Teixeira (PSDB), que
tornaria obrigatório, na cidade de São Paulo, a adaptação de computador para
a utilização de pessoa com deficiência visual visual em lan houses, cyber
cafés e estabelecimentos similares.



Na mensagem de veto, o prefeito afirma que “sem
que se possa avaliar a real necessidade da adequação digital com a
abrangência prevista em função da demanda desses usuários em cada região do
Município
”, o recurso configuraria em ônus excessivo e
desproporcional aos proprietários destes estabelecimentos sem, contudo,
trazer efetivo benefício à coletividade.



A demanda certamente existe segundo os dados do Censo 2000 do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da própria Prefeitura de São
Paulo, levantados em 2004 pela Coordenação de Desenvolvimento de Programas e
Políticas de Saúde (CODEPPS) da Secretaria Municipal de Saúde, que foram
usados como base para que os vereadores propusessem o projeto de lei. “Não
oferecer um computador com leitor de tela equivale a não construir uma rampa
e dizer que é porque não existem cadeirantes na região. Ou então não
oferecer as urnas eletrônicas com braile porque não se sabe se um cego irá
usá-la", argumenta Mara Gabrilli.

"De acordo com dados do Censo 2000, entre as deficiências,
a mais numerosa é a deficiência visual
que representa 48,1% dos
cerca de 27 milhões de brasileiros com deficiência. Em números isso
representa quase 13 milhões de pessoas com deficiência visual em nosso País.
O Censo ainda apontou que São Paulo é o estado com o maior número absoluto
de cegos: são 23.900 pessoas incapazes de enxergar e mais cerca de 2 milhões
e 600 mil pessoas com deficiência visual”, conta a vereadora.

“Se usarmos os próprios dados da Secretaria Municipal de Saúde que fez um
levantamento em 2004, dividido por Subprefeitura, foi apontado que 10,32 %
dos paulistanos tem uma deficiência, sendo 1,26% com deficiência
intelectual, 2,37% com deficiência auditiva, 3,27% com deficiência motora,
0,72% com deficiência física e 6,59% com deficiência visual. Ou seja, a
deficiência visual é a mais numerosa também. Nas subprefeituras de
Guaianases e Vila Maria o número de pessoas com deficiência visual chega a
ultrapassar os 8%, de acordo com o levantamento da SMS. É um número que não
pode ser ignorado pela Prefeitura e que torna frágil o argumento usado para
o veto”, afirma Mara Gabrilli.




Clique e confira os dados da SMS levantados em 2004 pela Cogest
(Coordenadoria de Gestão Descentralizada) atualmente chamada de Coordenação
de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde (CODEPPS)






Mara Gabrilli considera que o projeto
visava a inclusão digital
e a autonomia de um número expressivo cidadãos que tem uma deficiência
visual
, atendendo às determinações do Decreto federal 5296/04 no
que tange à obrigatoriedade de promoção de tratamento diferenciado às
pessoas com deficiência oferecendo espaços, instalações e equipamentos
acessíveis às suas necessidades.



De acordo com o projeto de lei, o local que possuísse mais de quatro
computadores em rede teria que adaptar ao menos uma máquina para um possível
usuário com deficiência. Para que os estabelecimentos se adequassem seria
necessário a aquisição de fones de ouvidos, a instalação de um software
leitor de tela e teclado em braile. Nos locais que contassem com mais de 20
máquinas seria obrigatório também a instalação de piso podotátil para
facilitar a mobilidade do deficiente visual no estabelecimento.


Confira no link abaixo os pareceres na tramitação do PL 395/07.
http://vereadoramaragabrilli.com.br/projetos-de-lei/51-pl-395-de-2007.html“Não consigo entender onde
o custo seria tão elevado a ponto de ser desproporcional”, lamenta Mara
Gabrilli. “O software de leitor de tela (ferramenta que permite a narração
automática dos textos e ações feitas no computador) que poderia ser o
recurso mais custoso, tem uma versão disponível gratuitamente para download
no site da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O
software se chama DosVox e é amplamente utilizado sem nenhum custo, assim como o Motrix para pessoas com mobilidade reduzida nos braços. Os dois foram desenvolvidos na UFRJ com tecnologia nacional.”
Conheça os softwares gratuitos da UFRJ: http://intervox.nce.ufrj.br/

Mara lembra ainda que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Municipal levantou a questão da imposição de custo e a ofensa à liberdade de iniciativa, porém prevaleceu o principio de justiça social e da isonomia no entendimento da nobre Comissão. “Os gastos imputados ao particular são demasiado pequenos para que superem o ganho em termos de acesso que será conferido aos deficientes visuais”, justificou a CCJ fazendo o projeto prosperar, tramitar por todas as comissões competentes e ser aprovado.