quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Desafinados?

"(...)no peito dos desafinados, também bate um coração." (João Gilberto / Tom Jobim)

Certo cidadão e sua companheira, já com um bom tempo de relacionamento, tiveram a ideia de, pela primeira vez, sair pela maior cidade da América Latina à procura de um lugar, onde, digamos assim, pudessem acrescentar ao namoro aquela pimentinha que o dia-a-dia, por vários motivos, não lhes permite saborear..

Como quis o destino que nenhum dos dois dirigisse, o jeito foi contar com a amizade de um taxista que, para eles, já nem é mais um simples profissional do volante, dada a freqüência com que solicitam seus serviços (afinal - convenhamos - , é bem mais fácil contar com a amizade de um motorista que com uma "forcinha" de um amigo ao volante. Sem contar com a discrição do primeiro, quase nunca presente no segundo.

Resolvida a questão "logística", teve início a saga da busca. O objetivo era encontrar uma "love house" com as condições mínimas necessárias a um casal com certas exigências em termos de acessibilidade. Não dá para dizer se foi mais difícil encarar as barreiras arquitetônicas dos locais ou as barreiras impostas, já nas "recepções", por pessoas que pareciam jamais haver visto alguém com qualquer tipo de limitação física ou sensorial. Quando indagadas sobre se havia, nos estabelecimentos, acomodações para "pessoas com necessidades especiais", dava tristeza ver as caras de espanto. Mais triste ainda era ver, em alguns, a nítida vontade de colocar dali para fora aqueles "seres estranhos", diferentes da população dita "normal", cuja procura era tanta que lhes permitia tratar com desdém as pessoas "fora do padrão". Faltou pouco para perguntarem o que um casal "com limitações" fazia ali. Como diz um amigo meu, isso não é recepção....é decepção.

A cena constrangedora repetiu-se em, pelo menos, cinco dos seis estabelecimentos visitados.  Justiça seja feita, pelo menos em um deles, a pessoa que os recebeu convidou-os a visitar as instalações e lamentou não lhes poder proporcionar as condições de que necessitavam. Se essa pessoa trabalhasse no último local visitado, talvez até fizesse por onde os planos darem certo. Mas....

De volta para casa, já meio desanimados, resolveram os dois apelar para a Internet.  Pelo que sei, conseguiram achar um local que, pelo menos a julgar pelas fotos publicadas no site, tem as características que os dois procuram. Mas isso, só conto a vocês quando eles me contarem como foi o que ainda será.

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